24 de abr. de 2007

Missão Integral

*Por Osmar Ludovico da Silva


Deus criou o homem com uma tríplice natureza: corpo, alma e espírito. Na tradição hebraica e cristã estes três aspectos da natureza humana são absolutamente inseparáveis e interligados. Corpo, alma e espírito se interpenetram e formam uma unidade.

Muitas vezes usamos a expressão “salvar almas”. Trata-se de um equívoco, pois as Escrituras nos afirmam que todos ressuscitarão e a vida eterna será vivida no corpo. O corpo é tão importante que até mesmo Deus se esvaziou e assumiu a forma humana em Cristo Jesus.

Assim a Igreja é chamada a proclamar o Evangelho a todo homem e ao homem todo, em todo lugar. É chamada a espalhar as boas novas da salvação, mas também trazer alívio ao que sofre e buscar para ele justiça e meios de uma vida digna.

Em Mateus 4.23-24 lemos: “Percorria Jesus toda a Galiléia ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou”.

Vemos neste texto Jesus Cristo ministrando ao homem todo, na sua dimensão espiritual, mental e física. Ele não só pregava o Evangelho como também ensinava, isto é explicava e expunha a Palavra. Ele também libertava da patologia espiritual as vítimas de possessão (endemoninhados), curava os doentes mentais (lunáticos) e ainda os acometidos de enfermidades físicas (paralíticos).

Quando o homem e a mulher pecaram no Jardim do Éden eles perderam a saúde espiritual, psíquica e física. Jesus Cristo vem para salvar e restaurar o homem em todas as dimensões, revertendo os efeitos da queda. Ele faz isto através da sua encarnação, da sua morte na cruz e da sua ressurreição.

Assim, não se trata só de salvar almas, mas salvar homens e mulheres na sua integralidade, seu ser completo. A missão de Cristo, cuja proclamação ele confiou a sua Igreja, é a de resgatar o homem todo.

Em Lucas 4.18 lemos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres e enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos”. Aqui também Jesus Cristo no início de seu ministério define sua missão: evangelizar, libertar e curar. Os pobres são os destituídos de condições mínimas de subsistência. Os cativos são as vitimas de sistemas injustos e opressores e os cegos aqueles acometidos de enfermidades físicas.

Jesus Cristo multiplica pães para atender os famintos, cura os enfermos, expulsa demônios e anuncia a salvação. Seu ministério envolve a biologia, o psiquismo e o espírito humano. A missão integral se articula nestes três níveis indo ao encontro das necessidades humanas, levando através do Evangelho salvação, alívio, libertação e cura.

Somos chamados por Cristo a nos envolver com a humanidade minorando seu sofrimento através de ações humanitárias, promovendo o desenvolvimento, buscando a justiça. Em todas estas circunstâncias anunciamos o arrependimento e a fé em Cristo para a salvação eterna.

A Igreja certamente tem um papel fundamental no nosso país como instrumento de transformação, desenvolvimento e justiça, através de uma evangelização acompanhada de ações sociais, educacionais e de cidadania, restaurando o homem brasileiro em todas as suas dimensões.

Outro lado desta mesma questão é a afirmação das Escrituras que a fé sem obras é morta. Somos chamados a crescer na vida espiritual, nas disciplinas da oração e leitura bíblica, a nos envolver com a missão de Cristo e a praticar boas obras de justiça. As boas obras que Deus espera que pratiquemos dizem respeito a ouvir o clamor dos que sofrem, ir ao encontro deles, levando alívio e esperança, e também buscando para eles justiça e dignidade.

Nenhum comentário: